Ao sair do Coliseu de Lisboa, depois de assistir ao concerto dos Amália Hoje, não pude deixar de pensar que foi, certamente, um dos melhores espectáculos que já vi. Fernando Ribeiro, Sónia Tavares, Paulo Praça e a Orquestra de Praga juntam as vozes, os instrumentos e os ânimos e, guiados pelo genial Nuno Gonçalves, mentor deste projecto, levam um Coliseu dos Recreios esgotado ao rubro!
Para além dos êxitos do disco (que já é dupla platina), "Formiga Bossa Nova", "Grito", "Nome de rua", "Foi Deus", "Medo" e a incontornável "Gaivota", foram apresentados ao público duas novas versões de fados de Amália Rodrigues: "Rasga o Passado" e "Soledad", com um poema de Cecília Meireles, magistralmente musicado por Alan Ouilman.
Antes de interpretarem "Soledad" foi passado um vídeo onde podemos ver a própria Amália a ensaiar o tema com Alan Ouilman. É um registo absolutamente comovente, tão genuíno e simples como a própria artista e de uma beleza impressionante.
A verdade é que me apaixonei pelo poema e pela música. Absolutamente genial.
"Soledad"
Soledad
Antes que o sol se vá
como um passaro perdido
também te direi adeus,
Soledad, Soledad
Também te direi adeus....
Terra Terra morrendo de fome Pedras secas, folhas bravas Ai quem te pôs esse nome Soledad, Soledad Sabia o que são palavras… Antes que o sol se vá Como um gesto de agonia Cairás dos olhos meus Soledad
Indiazinha
Indiazinha tão sentada
Na cinza do chão deserta
Que pensas, não pensas nada
Soledad, Soledad
Que a vida é toda secreta...
Como estrela, como estrela Nestas cinzas Antes que o sol se vá Nem depois não virá Deus Soledad, soledad, Nem depois não virá Deus Pois só ele explicaria A quem teu destino serve Sem mágoa nem alegria um coração tão breve Também te direi adeus Soledad, soledad