quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Amália Hoje... e sempre!

Ao sair do Coliseu de Lisboa, depois de assistir ao concerto dos Amália Hoje, não pude deixar de pensar que foi, certamente, um dos melhores espectáculos que já vi. Fernando Ribeiro, Sónia Tavares, Paulo Praça e a Orquestra de Praga juntam as vozes, os instrumentos e os ânimos e, guiados pelo genial Nuno Gonçalves, mentor deste projecto, levam um Coliseu dos Recreios esgotado ao rubro!
Para além dos êxitos do disco (que já é dupla platina), "Formiga Bossa Nova", "Grito", "Nome de rua", "Foi Deus", "Medo" e a incontornável "Gaivota", foram apresentados ao público duas novas versões de fados de Amália Rodrigues: "Rasga o Passado" e "Soledad", com um poema de Cecília Meireles, magistralmente musicado por Alan Ouilman.
Antes de interpretarem "Soledad" foi passado um vídeo onde podemos ver a própria Amália a ensaiar o tema com Alan Ouilman. É um registo absolutamente comovente, tão genuíno e simples como a própria artista e de uma beleza impressionante.
A verdade é que me apaixonei pelo poema e pela música. Absolutamente genial.


"Soledad"

Soledad

Antes que o sol se vá

como um passaro perdido

também te direi adeus,

Soledad, Soledad

Também te direi adeus....

Terra
Terra morrendo de fome
Pedras secas, folhas bravas
Ai quem te pôs esse nome
Soledad, Soledad
Sabia o que são palavras…
Antes que o sol se vá
Como um gesto de agonia
Cairás dos olhos meus
Soledad


Indiazinha

Indiazinha tão sentada

Na cinza do chão deserta

Que pensas, não pensas nada

Soledad, Soledad

Que a vida é toda secreta...

Como estrela, como estrela
Nestas cinzas
Antes que o sol se vá
Nem depois não virá Deus
Soledad, soledad,
Nem depois não virá Deus
Pois só ele explicaria
A quem teu destino serve
Sem mágoa nem alegria
um coração tão breve
Também te direi adeus
Soledad, soledad

Cecília Meireles

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