sábado, 8 de maio de 2010

Dois anos

Dois anos. Passaram dois anos, mas podiam ser dois dias. Ou apenas dois minutos. O tempo, é por vezes, uma coisa estranha, um mistério indecifrável. É que há momentos na vida que simplesmente se colam ao nosso corpo, são permanentes, como tatuagens. É que há pessoas que, pelo simples facto de existirem, nos tornam outras pessoas, mais despertas, mais brilhantes, mais felizes. Depois de nos cruzarmos com elas, nada pode voltar a ser o que era. Dois anos parece muito tempo, mas para mim, é quase nada. Para mim, dois anos foi ontem á noite, e ainda estou, como nesse momento, movendo-me na confusão das pessoas, vibrando ao som da música, deslumbrada com o seu olhar luminoso e as suas mãos perfeitas.

Dois anos começaram antes disso. Começaram no minuto improvável em que o acaso me mostrou a sua imagem. Talvez o Amor tenha nascido logo aí, olhando uma fotografia sem nome nem história.
Dois anos começaram quando disse pela primeira vez o meu nome. Apenas uma palavra, dita num tom sussurrado, o olhar faíscando no escuro. Foi como se nunca tivesse ouvido o meu nome na boca de outra pessoa, como se eu tivesse nascido de novo naquele exacto momento. Uma sequência de apenas alguns segundos. inesquecível.
Depois, o tempo passa e envolve-nos no turbilhão da dúvida. Hoje estou no coração da tempestade, prestes a perder o pé e o fôlego.
Às vezes não sei quanto tempo passou ao certo. Dois anos? Dois dias? Dois minutos? É que há histórias que são tão improváveis que não acreditamos que são reais, há pessoas que de tão abençoadas, nos transformam noutras pessoas, nos acalmam o oceano em fúria e nos prendem num estado irreversível de febre terminal.
Dois anos. Hoje.

1 comentário:

AC disse...

É, há pessoas assim. Que só existem porque há outras que as sentem...

Beijo :)